Helena jamais regressará.
Ao meio-dia não sairá
ela mas Proteu do mar bravio.
Quem lá estará à espreita escondido?
Tu. Não mais aguardarás Helena.
Guarda o nome, quando muito: Helena,
mas abre os braços e enlaça o Velho
que sai da espuma: abraça o leão
que ele será, segura a serpente,
cinge o bólide e a água corrente,
engole a televisão e a mata,
sê por um bom tempo o que tente
e para sempre nada: não pregues
coisa alguma no lugar do nada. (CICERO, 2002, p. 23)
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
não fazendo nada
soube de uma certa poesia árcade,mineira
sobretudo tudo mesmo pedra barroca de um
aleijado pedra dura bate bate que fura
num anacrônico pastor, conversinha fiada
de um outro pastor,muito liberal
mas bem menos que aquele sujeitinho
também versado em pedras, mas não árcade
talvez um exemplo da ficção poesia
plasticidade sob a mediocridade
de um nome de um pastor: inominável
sobretudo tudo mesmo pedra barroca de um
aleijado pedra dura bate bate que fura
num anacrônico pastor, conversinha fiada
de um outro pastor,muito liberal
mas bem menos que aquele sujeitinho
também versado em pedras, mas não árcade
talvez um exemplo da ficção poesia
plasticidade sob a mediocridade
de um nome de um pastor: inominável
meditação, de Rubens Rodrigues Torres Filho, em Novolume
Se minha cabeça toma jeito,
não fica do mesmo jeito. Do mundo mesmo,
quero pouca coisa.Hoje, penso,
quase nada.
É um virar e desvirar de coisas internas.
Quase uma santidade, se for.
Do que passou, do que foi,
das coisas que aconteceram comigo,
parece que está tudo resolvido,
concluído, terminado,
perdoado. Problema, mesmo,
acho que não resta nenhum. Só carinho.
(TORRES FILHO, 1997, p.60)
não fica do mesmo jeito. Do mundo mesmo,
quero pouca coisa.Hoje, penso,
quase nada.
É um virar e desvirar de coisas internas.
Quase uma santidade, se for.
Do que passou, do que foi,
das coisas que aconteceram comigo,
parece que está tudo resolvido,
concluído, terminado,
perdoado. Problema, mesmo,
acho que não resta nenhum. Só carinho.
(TORRES FILHO, 1997, p.60)
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Rascunho para um retrato de criança, de Marcos Siscar, em Interior via satélite
era um vento soprando (poeira na rua)
cavalos cansados cachorros baldios
a criança na cama de olhos abertos (a vida era um)
cheiro de fumaça no rebojo da manhã
irmãos bulindo mães lavando
paredes caiadas os dias muito longos (privação
de corte) um olhar (ao lado esquerdo da imagem)
vigiando a poeira em suspensão
o poema ainda não estava ali (ou melhor) faltava-lhe a cesura
a repetição esfregando a face áspera
a telescopia de um rosto encardido
o enjambement inserindo o silêncio e (depois
de perdido para sempre o mot juste) o dês
ajuste (quem sabe)
(SISCAR, 2010, p.71)
cavalos cansados cachorros baldios
a criança na cama de olhos abertos (a vida era um)
cheiro de fumaça no rebojo da manhã
irmãos bulindo mães lavando
paredes caiadas os dias muito longos (privação
de corte) um olhar (ao lado esquerdo da imagem)
vigiando a poeira em suspensão
o poema ainda não estava ali (ou melhor) faltava-lhe a cesura
a repetição esfregando a face áspera
a telescopia de um rosto encardido
o enjambement inserindo o silêncio e (depois
de perdido para sempre o mot juste) o dês
ajuste (quem sabe)
(SISCAR, 2010, p.71)
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
livro O dragoeiro, de Cristiane Rodrigues de Souza, p.63
a menina trança danças entre pedriscos de cores de
cantos tardes (quase) de pássaros vidrilhos estrelas
estradas vênus sem camisa mundos vidrados de prismas
envidraçados por música de palavras
cantos tardes (quase) de pássaros vidrilhos estrelas
estradas vênus sem camisa mundos vidrados de prismas
envidraçados por música de palavras
filho filha
se existisse estaria na idade de beber
com o mirisola, ler o marcos siscar
talvez quisesse um béq, eu daria
se existisse estaria ouvindo
o que quisesse, bebendo, lendo
fumando com quem e o que desejasse
estaria plantando uma flor destruindo
mata ciliar para implantar o acaso
se existisse me daria uma senda, sentido
de uma imaginária existência biológica
comeria e sentiria o afeto feminino
sentiria a fragilidade dos homens
talvez tivesse aula com o scheel
poderia até mudar o nome:
rainer maria rilke
carolina, joana d´arc, beatris
estaria morando no japão, na índia
em itápolis, conheceria o lilo
o chiquinho, seria discreto(a)?
mataria alguém? saberia agir
com compaixão, 7 x 7 saberia?
eu protegeria tal ser da solidão,
da existência, do amor e da verdade
com o mirisola, ler o marcos siscar
talvez quisesse um béq, eu daria
se existisse estaria ouvindo
o que quisesse, bebendo, lendo
fumando com quem e o que desejasse
estaria plantando uma flor destruindo
mata ciliar para implantar o acaso
se existisse me daria uma senda, sentido
de uma imaginária existência biológica
comeria e sentiria o afeto feminino
sentiria a fragilidade dos homens
talvez tivesse aula com o scheel
poderia até mudar o nome:
rainer maria rilke
carolina, joana d´arc, beatris
estaria morando no japão, na índia
em itápolis, conheceria o lilo
o chiquinho, seria discreto(a)?
mataria alguém? saberia agir
com compaixão, 7 x 7 saberia?
eu protegeria tal ser da solidão,
da existência, do amor e da verdade
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
diário de campo (s/d) (11 a 14)
11
aliança duradoura de im-
possibilidades métricas, rítmicas
de sentido de qualquer coisinha
entre ainda-ser e já foi agora
des-
aparecer
12
sempre sonhado uirapuru
canto inventado pelo rio
13
economia de afetos
talvez pouco jasmim, olfato
abundância de dedos
evitando segredos, enigma
cadafalso olhar, silêncio
comermo-nos: sentido
14
dístico vão
dísticos vão
aliança duradoura de im-
possibilidades métricas, rítmicas
de sentido de qualquer coisinha
entre ainda-ser e já foi agora
des-
aparecer
12
sempre sonhado uirapuru
canto inventado pelo rio
13
economia de afetos
talvez pouco jasmim, olfato
abundância de dedos
evitando segredos, enigma
cadafalso olhar, silêncio
comermo-nos: sentido
14
dístico vão
dísticos vão
diário de campo (s/d) (6 a 10)
6
chuva vem sem pedir surpresa
vê-la no olhar da moça sempre
bem vestida corpo protegido
guarda-chuva interior,
7
dísticos vão dísticos vêm
de dois em dois de dois em dois
entram e saem através dos tempos
agudeza prendê-los assim
de dois em dois de dois em dois
dísticos vieram dísticos foram
8
querubim já está na cidade
outro corguinho fudido
9
nunca fui (tão ) feliz
schiller, goethe, hörderlin
heine, benn, rilke
e outras palavras duras
que permanecem em
estado de calma, soleira
vastidão sem olho no olho
luz no meu caos, augenblick
10
crise e pétalas
nos enredados dedos
sem enigma qualquer:
uma flor, meio página
chuva vem sem pedir surpresa
vê-la no olhar da moça sempre
bem vestida corpo protegido
guarda-chuva interior,
7
dísticos vão dísticos vêm
de dois em dois de dois em dois
entram e saem através dos tempos
agudeza prendê-los assim
de dois em dois de dois em dois
dísticos vieram dísticos foram
8
querubim já está na cidade
outro corguinho fudido
9
nunca fui (tão ) feliz
schiller, goethe, hörderlin
heine, benn, rilke
e outras palavras duras
que permanecem em
estado de calma, soleira
vastidão sem olho no olho
luz no meu caos, augenblick
10
crise e pétalas
nos enredados dedos
sem enigma qualquer:
uma flor, meio página
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
diário de campo (s/d) (1 a 5)
1
enterraram um rio santo ao lado do não
desejo contendas concreto lápide ignorante
de caminho leveza irregularidade só mesmo
mãos não sabiam da fúria íntima de
um rio de um santo de um tio sem afluentes
2
tercílio venha venha em sonhos discursos
de um quase tio morto vivo somente memória
em que italianinhos duelam com negrinhos
no interior de uma história do tijuco preto
vila cajado espaço extinto de um tempo no qual
tercílio veio morto
3
nunca falei em mãe porque mãe há
intemporal existência de uma prótese
para a vida
4
rio enxurrada pocinha chuva
amor pinguela asfáltica urbana vontade
de água parada administrada impermeabilidade
5
flor é linguagem de algo a vir
sem hora marcada inesperado olhar
sem vazio de ausência
enterraram um rio santo ao lado do não
desejo contendas concreto lápide ignorante
de caminho leveza irregularidade só mesmo
mãos não sabiam da fúria íntima de
um rio de um santo de um tio sem afluentes
2
tercílio venha venha em sonhos discursos
de um quase tio morto vivo somente memória
em que italianinhos duelam com negrinhos
no interior de uma história do tijuco preto
vila cajado espaço extinto de um tempo no qual
tercílio veio morto
3
nunca falei em mãe porque mãe há
intemporal existência de uma prótese
para a vida
4
rio enxurrada pocinha chuva
amor pinguela asfáltica urbana vontade
de água parada administrada impermeabilidade
5
flor é linguagem de algo a vir
sem hora marcada inesperado olhar
sem vazio de ausência
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
dísticos
nasceu, pode florescer
narciso, deixou de ser
um simples –er, rima, ritmo
um quase descompromisso
em nascer florescer-se
em marias sem vergonha
em todas as cores(flor
es)sem vergonha de ser
princípio
narciso, deixou de ser
um simples –er, rima, ritmo
um quase descompromisso
em nascer florescer-se
em marias sem vergonha
em todas as cores(flor
es)sem vergonha de ser
princípio
domingo, 12 de fevereiro de 2012
amorzinho
ela ainda não compreende tanto
amor por ela assim de graça
fiz, dia desses, uma francesinha
cutículas, uma beleza de pé
uma beleza de graça pe
de novo desafio
enigma quase
tatuagem unhal
este lugar acho
às vezes, não sempre
espaço que sou
contingência
corpo em movimento
e, no prazer da dúvida
cortar
amor por ela assim de graça
fiz, dia desses, uma francesinha
cutículas, uma beleza de pé
uma beleza de graça pe
de novo desafio
enigma quase
tatuagem unhal
este lugar acho
às vezes, não sempre
espaço que sou
contingência
corpo em movimento
e, no prazer da dúvida
cortar
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
nua vênus água
como a vida sempre tem
se mantido alerta com
o seu próprio manter-se
sejamos, se pudermos
ser sem segredo de nós
se pudermo-nos des-
fazer em porras semen
tes de um ente entre
se mantido alerta com
o seu próprio manter-se
sejamos, se pudermos
ser sem segredo de nós
se pudermo-nos des-
fazer em porras semen
tes de um ente entre
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