1.
Naquele dia, a água perdeu o fundo e a margem se
afastou.Da vertigem, restaram-lhe apenas os cabelos
grossos, o inequívoco futuro anterior do que terá se
tornado vida; da queda, a miragem, um espectro en-
tre folhas de mangueira; do cadáver, a ausência pre-
sente, a catacrese do impensável; do vôo, a levitação,
o movimento simulando o desejo; da velocidade, ape-
nas a flor sem geometria.Mas veja. A morte pentean-
do seus longos cabelos castanhos, de uma beleza de
encostar a cabeça no seu colo, senta-se junto da mesa e
conta histórias antigas, imemoriais. Silêncio, é preci-
so ouvi-la, a ela apenas a palavra morde, a ela apenas o
destino aprecia. Não basta vida. Começa no fim a
origem da arte a que chamarei vitalidade.
SISCAR, Marcos. O roubo do silêncio. Rio de Janeiro: 7 letras, 2006, p.31.
quinta-feira, 29 de março de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
segunda-feira, 12 de março de 2012
fragmentos de Visão 1961, de Roberto Piva, em Paranóia
[...]
minhas [...]
na solidão[...]
noite profunda[...]
já é quinta-feira]...]
os banqueiros[...]
[...]
minhas [...]
na solidão[...]
noite profunda[...]
já é quinta-feira]...]
os banqueiros[...]
[...]
sábado, 10 de março de 2012
O que foi dele?, de Francisco Alvim, em Elefante
Nós não brigávamos
Combinávamos demais
(ALVIM, 2000, p.47)
Combinávamos demais
(ALVIM, 2000, p.47)
segunda-feira, 5 de março de 2012
Cinderela, de Fabio Weintraub, em Novo Endereço
mesma esquina:
a velha enrola bobes
na imunda peruca
o batom transborda a boca
onde a prótese emprestada
oscila
garis caçoam
descalça e crédula
órfã de fadas
sorri-me a velha
há bailes além do borralho
(WEINTRAUB,2002, p.34)
a velha enrola bobes
na imunda peruca
o batom transborda a boca
onde a prótese emprestada
oscila
garis caçoam
descalça e crédula
órfã de fadas
sorri-me a velha
há bailes além do borralho
(WEINTRAUB,2002, p.34)
Celebridade, de José Paulo Paes, em Socráticas
para Raduan Nassar
Eu sou o poeta mais importante
da minha rua.
(Mesmo porque a minha rua
é curta.)
(PAES,2001, p.37)
Eu sou o poeta mais importante
da minha rua.
(Mesmo porque a minha rua
é curta.)
(PAES,2001, p.37)
quinta-feira, 1 de março de 2012
sobre o nada, proteu
para falar a verdade o único poeta árcade que conheço
ouvi falar é verdade é um tal de sei lá um poeta heterônimo
de um tal de fernando caeiro parece que reis num sei talvez
dia de rei num cemiteriozinho sem transcendia à espera
de alguém que o estude leia-o pelo menos para que assim
presentifique-se ou coisa parecida alguma coisa com a verdade
dessa expressão verdade árcade poeta mentira amor enume´-
ração pastor ficção barroco( às margens de um rio) e o cansaço
de terminar esta conversa
que surgiu de um pombo querendo a pomba e a pomba não quis o
pombo que na cópula tombou voou outro pombo querendo –a
pousou não tombou e que não surja ninguém metido à besta
falando em orfeu roufenho
ouvi falar é verdade é um tal de sei lá um poeta heterônimo
de um tal de fernando caeiro parece que reis num sei talvez
dia de rei num cemiteriozinho sem transcendia à espera
de alguém que o estude leia-o pelo menos para que assim
presentifique-se ou coisa parecida alguma coisa com a verdade
dessa expressão verdade árcade poeta mentira amor enume´-
ração pastor ficção barroco( às margens de um rio) e o cansaço
de terminar esta conversa
que surgiu de um pombo querendo a pomba e a pomba não quis o
pombo que na cópula tombou voou outro pombo querendo –a
pousou não tombou e que não surja ninguém metido à besta
falando em orfeu roufenho
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