quarta-feira, 28 de setembro de 2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Estiagem primaveril

            Inferno  é seco aqui é seco
            No inferno não se tem pomba aqui
            tem vôo de pomba e bem-te-vi, filhote
            sem vôo, filhote de bem-te-vi
  tem algo de infernal

 Quando a chuva não vem
 as flores desafiam os deuses
 (quase isso: somente confundem
 estação com a secura dos corpos)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

quase verão

      amarelo perto
      feche lentamente
      os olhos quaisquer
      mal me quer bem me
      quer bem me quer bem

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

vera

    obra prima não existe
    há somente a primavera
    e ainda um verão por vir
    e um ainda existir
    a beleza e não a verdade

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

primavera `a vista

            bela, áspera, intratável
            a flor do cacto cai
            rusticidade fulgaz
            terra, água, cultivar

            esterco bom é o de mula
            a terra talvez seja esta
            água benvinda de chuva
            falta amarelo chegar

sábado, 10 de setembro de 2011

música para a flor nascer

                  um acorde em mi
                  (m)

contingência

            não mais me deito nessa cama
            nunca comerei nessa mesa
            esse espelho não me pertence
            estante, não mais tê-las, sim
            esse jardim ainda é meu
            plenilúneo da primavera:
            a flor insiste em não nascer        

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

altar

            sinto, queimei o manu
            drummond,fiz o mesmo, acho
            não falta mais ninguém, acho
            à contingência agora oro

domingo, 4 de setembro de 2011

o óbvio


Aceita as suas próprias mãos
As dobradiças enferrujaram-se
Já foi o tempo da bela escrita e do beijo
Deixa-as sobre os joelhos
A paisagem continua bela, sólida
Você ainda tem a ilusão dela
e o brilho da energia
Sente a força viva da quilha do peito
sustentando o arco das costelas
(como nos pássaros)
Sorve o seu próprio sangue com a saliva
e aceita de uma vez por todas
a existência do velho
            

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

flor arredia


não mais lerei poesia lerei talvez algum dia a flor
em seu movimento esguio quase capricho charme
de florescer-se a cada segundo instante mudar-se
em belezas leves e velozes e quase sempre im-
perceptíveis